Eu me lembro desta foto, me lembro de quando a tirei. Foi o começo da minha jornada. Minhas três amigas. Chikita, Tikinha e Kika. Era assim que sempre me esperavam. Sabiam a hora da minha chegada.
Muitos outros chegaram depois, alguns já se foram, passaram como pequenas estrelas cadentes. Kika, a amarela, foi a primeira a dizer adeus, depois foi a vez de Xiquita a pretinha. Esta semana quase perdi a Tikinha, a menina do meio desta imagem. Tikinha está com treze anos e teve um derrame. Não posso imaginar a minha vida sem estas pequenas criaturas ao meu redor.
Algumas vezes me deixam quase maluco de tanto barulho e alegria. Sei que enquanto eu viver estarei fazendo o que puder e estiver ao meu alcance para dar dignidade a qualquer animal.
Sei que algumas vezes precisarei igualmente olhar para o outro lado e apenas chorar em silêncio.
Isso começou a fazer parte da minha vida. Me lembro das primeiras postagens deste blog, foram elas e eles que me inspiraram a contar suas histórias e histórias de outros, que jamais seriam contadas, não fosse por eles terem entrado em minha vida.
Mas Tikinha já está melhorando. Ficou com pequenas sequelas, um pouco de desequilíbrio e com a cabecinha um pouco torta, mas melhorando a cada dia mais. Hoje foi até passear e visitar minha amiga Teresa, onde tomou um delicioso café da manhã e voltou para casa.
Sim, foram estas meninas que me inspiraram a montar este blog. O blog acabou misturando as coisas, mas pertence a eles. Para
contar um pouco sobre eles, sobre mim, sobre onde vivo e o que me cerca. Resolvi que seria bom escrever sobre a hipocrisia cada vez maior que nos cerca, sobre a impunidade e principalmente sobre um mal cada vez maior, um mal que chamo de indiferença.
Resolvi escrever e mostrar o quão suja é a política do meu país, resolvi expor a minha opinião sobre as crenças e religiões, sobre os descasos com a vida que nos cerca.
E assim este pequeno blog foi crescendo, criando forma e cores, divertindo alguns, aborrecendo outros. Algumas palavras magoaram, ofenderam, algumas apenas soaram no vazio e outras preencheram espaços.
Meus amigos caninos e felinos ajudavam a tornar este blog mais alegre, quebrar o gelo, quando nada mais parecia valer a pena escrever sobre, as postagens sobre os animais que resgatei e ajudei a terem uma vida mais digna, deram vida nova e aliviavam a tristeza com seu final quase sempre feliz.
E assim vou seguindo em frente, fazendo o que mais gosto de fazer, que é dedicar a minha vida aos meus amigos
de quatro patas.
Hoje, se fosse para repetir a primeira imagem, ela seria mais ou menos como a imagem abaixo, quase precisaria de uma câmera panorâmica, mas eis o resultado abaixo. E vai uma pergunta, pode existir alegria maior do que isso?
Toda esta turminha um dia foram abandonados. Seriam mais, muitos mais, não tivessem alguns terem tido a sorte de serem adotados em feirinhas de adoção. Quase todos estavam em estado lastimável, feridos, subnutridos e assustados. Hoje, não existem cães mais alegres, saudáveis e bonitos.
A recompensa? Precisa dizer alguma coisa? Eles próprios são a maior recompensa que existe. Ao olhar para eles não vejo cães, vejo apenas amigos, felicidade e vida, vida digna e verdadeira. Vejo carinho e vejo um sorriso que vem de Deus. O Deus que a cada dia mais me dá forças para simplesmente seguir em frente.
(Siegmar)
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