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Férias e festas de fim de ano conspiram para uma alta significativa no número de pets abandonados e daqueles, que sem aguentar o barulho ensurdecedor de rojões, fogem de seus lares na esperança de chegar a um porto silencioso.
O aumento de abandonos acorre por motivos dantescos.
O dono, sem local para deixar o animal durante a viagem de férias ou sem disposição para resolver o problema, descarta o suposto companheiro. Deixa-o no meio do caminho, na estrada, próximo ao terminal rodoviário, ou mesmo nos arredores do destino turistico.
A condenação à pena do abandono se infiltra em países dos mais diversos perfis socioeconomicos. Na Holanda, uma associação de protecão animal recorreu a um vídeo polemico. A primeira cena mostra um carro se dirigindo a um bosque. Uma criança no banco traseiro segura uma bola. A sonoplastia sugere clima de descontração e relaxamento típico das épocas de veraneio. O veículo escapa da estrada principal e estaciona num local ermo. O motorista, abre a porta para a criança e os dois caminham alguns passos. O adulto pega a bola, dá um chute de longa distancia e o petiz dispara exultante, em busca do brinquedo. É quando o motorista dá meia-volta, entra no carro e sai em alta velocidade. Desolado e inerte o menino observa, a bola na mão, a fuga de quem o levava.
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E o vídeo termina exortando que se pense duas vezes antes de assumir a responsabilidade de cuidar de um animal. Além da crueldade do abandono, outros aspectos colaterais surgem. Segundo levantamento feito na Itália, 85% dos cães descartados por seus donos morrem em até vinte dias, sobretudo em atropelamentos.
As cifras seguem para apontar que, em 2004, houve 754 acidentes provocados por cães ou gatos na pista. Número de humanos mortos: 380.
Fim de ano corresponde também ao término do Campeonato Brasileiro. Mais rojões espocam e como que lancetam tímpanos caninos. Sei que esta coluna não corresponde ao espaço para tal discussão, mas pergunto se não é hora de adotar no Brasil o calendário futebolístico europeu. A argumentação aqui se reveste de interesse canino. Pelo menos as finais aconteceriam em outra época do ano, e os castigos em decibéis impostos aos amigos de quatro patas deixariam de se concentrar tanto em dezembro.
Jaime Spitzcovski - Jornal Folha de São Paulo - 12/12/2011
Muito inteligente o que é dito aqui.
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