''DO NOT ABANDON YOUR BEST FRIEND''

O CÃO É O ÚNICO QUE NÃO SE IMPORTA SE VOCÊ É RICO OU POBRE, BONITO OU FEIO. O CÃO É O ÚNICO QUE REALMENTE SENTE A TUA AUSÊNCIA E SE ALEGRA DE VERDADE COM O TEU RETORNO, PORTANTO, JAMAIS ABANDONE SEU MELHOR AMIGO.



UM RAIO DE LUZ

''UMA ANTIGA LENDA DIZ QUE QUANDO UM SER HUMANO ACOLHE E PROTEGE UM CÃO ATÉ O DIA DE SUA MORTE, UM RAIO DE LUZ, QUE NÃO PODEMOS ENXERGAR DESTE PLANO DA EXISTÊNCIA, ILUMINA O CAMINHO DESTE SER PARA SEMPRE!''





sexta-feira, 30 de novembro de 2012

O REPOUSO DO VELHO GUERREIRO


Não me lembro quando vi Pelé pela primeira vez, mas lembro como. Pelé ainda não tinha este nome. Era apenas um vira-lata que perambulava o dia inteiro. Algumas vezes eu o via passar diante de minha casa duas vezes por dia, parece que nunca parava. Outras vezes, ao sair de carro o encontrava distante pelo meu caminho. Como todo vira-lata, Pelé era magro, tinha um pouco de sarna, cicatrizes e aranhões pelo corpo, principalmente no rosto. Marcas de guerra, pois Pelé vivia a procura de uma namorada e assim arrumando encrencas. Ele já era de certa idade, não duvido que já estava beirando os dez anos, ao menos isso foi confirmado depois pela Dra.Carmem, que cuida dos meus amigos.

Um dia Pelé encontrou sua Julieta. Abandonada e no cio, uma linda mestiça rusky, Pelé, como todo galanteador, nunca mais saiu do seu lado.

Uma vizinha resolveu adotar esta "Julieta" que recebeu o nome de Karol. Pelé, inconformado, se plantou diante do portão da nova casa da namorada e por lá ficou.
Eu e minha amiga Teresa convencemos a vizinha a adotar também o velho Pelé. A principio ela relutou, o achou magro, feio e sarnento. Nos prontificamos a ajudar com ração e cuidar das castrações e assim a convencemos. Pelé recebeu seu nome e finalmente um lar junto com a sua amada Karol.

Logo resolvi castrar a garanhão, e aqui, reconto uma de suas maiores proezas. Quando o levei para a clínica, combinei com a Dra. Carmem o deixar lá num sábado, para que ela pudesse cuidar do jejum do moço e realizar a castração na segunda feira seguinte.
A clínica é cercada de um alto muro e super protegida, mas, de alguma forma, até hoje não sabemos como, durante a noite Pelé conseguiu fugir.
Domingo pela manhã, a sair para passear com os meus, qual não foi a minha surpresa ao ver um velho vira-latas conhecido chegando arfando e feliz?
Pelé não podia mesmo ficar longe de sua Julieta, aliás, eu teria dado este nome para os dois, em segredo, para mim, este é o verdadeiro nome dos dois.
Até hoje permanece um mistério em como Pelé conseguiu fugir de lá e achar seu caminho de volta. Afinal, a clínica é no centro da cidade, quase 6 Km de minha casa e o levei de carro até lá. Ruas movimentadas e perigosas, mas Pelé era um andarilho, assim para ele isso deve ter sido moleza, afinal, sabemos de histórias de cães que atravessaram estados procurando e encontrando seu caminho de volta. Mesmo assim não escapou da castração. Na segunda seguinte o levei novamente e desta vez esperei pela cirurgia o o trouxe de volta para sua amada.

Logo depois esta vizinha precisou mudar para outra cidade e não podia levar os dois, assim, eles vieram se juntar a minha turma, em parte já se conheciam e desta forma logo se adaptaram, importante era estarem juntos.

Anos se passaram, muitos passeios e muitos lanches na casa da amiga Teresa. Pelé engordou, se tornou um velho guerreiro aposentado. Feliz passeava junto com Karol todos os dias. A única parada era o café da manhã na casa de Teresa.
Mas de um mês para cá, Pelé começou a mostrar sinais de sua idade e que estava cansado de longas e pequenas caminhas.
No máximo saia do portão, fazia seu xixi e voltava para dentro. Sei que tinha dores na coluna, mas mesmo com medicação, o cansaço começou a vencer.
Eu de certa forma sabia o que estava se aproximando e semana passa tive a certeza que em breve Pelé iria pra seu repouso final na Ponte do Arco Iris.
Quinta feira passada, Pelé repentinamente me surpreendeu ao acordar bem disposto e alegre, parecia não ter dor alguma e resolveu nos acompanhar no passeio, como se soubesse que seria a última vez, e ele sabia.
Sua intenção, sua real intenção, era mais uma vez tomar um café da manhã na casa da amiga Teresa e dizer adeus.

Esta noite Pelé adormeceu tranquilo. Eu sabia que o momento estava próximo, mas a gente nunca quer que o momento chegue.
Eu estava com medo de que uma hora eu iria ter que tomar a decisão por ele, mas Pelé foi por conta própria.
O que mais importa, é que Pelé foi muito feliz aqui comigo e com sua Karol, ou Julieta.
Pelé deve ter perambulado por anos procurando um lar, e encontrou este lar, procurava por carinho, e encontrou todo o carinho do mundo. Sem dúvida posso dizer, apesar de talvez um pouco de dores, Pelé morreu tranquilo e feliz.
Hoje, agora, deve estar junto de Kika, Preá, Xiquita, Pitschulinha, Nina e Gracioso, brincando e correndo novamente nos campos da Ponte do Arco Iris, onde ansioso esperam pelo nosso reencontro.
Adeus meu querido amigo, adeus e até breve!
(Siegmar)

Um comentário:

  1. Nosso velho amigo Pelé nunca será esquecido. O Pelé marcou muito minha vida apesar de nunca ter vivido em minha casa, mas sei que, indiretamente, fui responsável pela sua morada primeiro com a vizinha e depois com você. Ele também fazia parte da minha vida. Sentirei saudade.

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