Depois de semanas de alertas e sinais, repentinamente a taciturnidade.
Me sinto como os pássaros, que diante de um tremor de terra, silenciam, pois pressentem o que está por chegar.
Dias, horas? Quem saberia responder?
Mas os fatos são claros bem como as ameaças. Resta esperar e orar. Orar para que eu esteja apenas divagando e que o que percebo, vejo e escuto, seja apenas uma névoa que irá logo se dissipar.
Mas a quietude persiste, algo não está correto, algo ainda ameaça e amedronta.
Olho para meus cães, eles também parecem perceber, ou captar meu estado de ansiedade, quem sabe?
Anseio para que este dia termine logo, para que este sentimento e a percepção estranha possa desvanecer.
E a cada segundo que passa aumenta a certeza do incerto, do desconhecido obscuro que está por chegar.
Sorrateiramente ele se aproxima, mas não sem antes ter avisado.
Vejo então o quanto nos tornamos obtusos, indiferentes ao que nunca deveria ser desprezado.
Será apenas uma visão? Mas por qual razão se apresenta tão forte e evidente?
Gostaria de poder dizer o que vejo e pressinto, dizer o dia, a hora e o lugar, mas sombras da realidade me impedem de falar.
Dizer seria parecer insano, estranho a este mundo e motivo de piada para alguns que jamais iriam entender. E tudo está tão próximo, tão assustadoramente próximo.
Mas resta assim, apenas esperar e deixar acontecer, depois, juntar os pedaços e tentar compreender, reconstruir e recomeçar.
(Siegmar)
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